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Por Carlos Calado
5/1/2018
De cara já vou avisando: esta não é uma lista de “melhores” discos de 2017. São tantos os lançamentos na área musical, pulverizados hoje em inúmeros selos independentes e veiculados por meio de diversas plataformas digitais, que é praticamente impossível a qualquer critico ou jornalista especializado ter acesso a toda essa produção, seja no Brasil, muito menos no exterior.
Na lista que segue, você também não vai encontrar aqueles artistas que os grandes veículos de informação tanto martelaram e ajudaram a divulgar durante o ano passado, geralmente por causa de seus supostos recordes de vendagem ou exposição massiva nas redes sociais, não por méritos musicais. Em três décadas de atividade como crítico especializado, jamais valorizei números de vendas, atitudes marqueteiras ou orientação sexual. Para mim, música tem a ver, antes de tudo, com melodia, harmonia, ritmo, poesia e sensibilidade.
Por isso, aqui vai uma lista com 50 álbuns de música instrumental brasileira, MPB, jazz ou até de música clássica, aos quais tive acesso durante 2017 e que eu recomendo com ênfase. São discos que merecem figurar nas coleções de qualquer um que aprecia essas vertentes musicais. Ou de quem está aberto a ampliar seus horizontes musicais. Aproveite!
Carlos Ezequiel - “Circular” (independente/Tratore) – Jazz contemporâneo e música instrumental brasileira da melhor qualidade, no álbum desse baterista e compositor alagoano, que vive em São Paulo. O quinteto de Ezequiel destaca o saxofonista norte-americano David Binney e o guitarrista norueguês Lage Lund.
Chico Buarque - “Caravanas” (Biscoito Fino) – A espera de seis anos valeu. Em composições como a contagiante “Massarandupió” (parceria com o neto Chico Brown) e a impactante “As Caravanas”, que não deve nada às suas obras-primas, Chico Buarque mostrou a fãs e desafetos que continua a ser um craque da canção.
Cibele Codonho - “Afinidade” (Eldorado). A cantora paulistana, ex-integrante do grupo vocal A Três, interpreta com classe conhecidas canções de João Bosco, Milton Nascimento, Dori Caymmi e Ivan Lins, entre outros. Participações do violonista Filó Machado e do cantor
Mark Kibble (do grupo vocal Take 6).
Cleber Almeida Septeto - “Música de Baterista” (independente) – Não se iluda pelo título. A música desse inventivo baterista, integrante do Trio Curupira, valoriza bastante melodias e harmonias, além dos ritmos. É o que revelam seus belos arranjos e composições como “Livre”, “Subjetiva” e “Vó Landa Vó Cema”.
David Feldman - “Horizonte” (independente) – Participações de Raul de Souza (trombone) e Toninho Horta (violão e voz) valorizam a arte desse pianista carioca. Faixas como a sensível “Navegar”, a balada “Tetê” e a bossa “Sliding Ways” provam que o talento de Feldman também se estende à área da composição.